Por Pablo Moura • Publicado em 23/06/2025 • 3 min de leitura
Em 23 de junho de 2025, o clássico dos jogos, Deus Ex, celebra seu 25º aniversário. Entre os níveis inesquecíveis deste jogo revolucionário, Hong Kong se destaca como uma verdadeira obra-prima de design de níveis. Steve Powers, o cérebro por trás deste ambiente icônico, nos conta como construiu um mundo de sonhos sem nunca ter pisado na cidade.
Powers nunca visitou Hong Kong fisicamente, mas caminhou por suas ruas virtuais por mais de dois anos durante o desenvolvimento de Deus Ex. Sua inspiração veio de uma combinação de fascínio pelo diretor de ação John Woo e uma vasta coleção de livros ilustrados do diretor do jogo, Warren Spector. A visão de uma Hong Kong iluminada por néons, com suas vielas e mercados movimentados, transparece intensamente no jogo.
A liberdade criativa de Powers foi um elemento crucial na construção de Hong Kong. Ele desenhou um ambiente complexo e interconectado, onde cada canto oferece uma nova história a ser explorada. De clubes subterrâneos a laboratórios secretos, cada elemento foi pensado para premiar a curiosidade do jogador.
Apesar de restrições orçamentárias que impediram uma viagem de pesquisa à Hong Kong, Powers utilizou sua imaginação para criar um espaço repleto de detalhes que capturam a essência de uma cidade vibrante e multifacetada. Ele descreve seu processo como 'construir com LEGO', onde cada peça se encaixa quase que por coincidência, mas sempre com um propósito claro.
Um dos desafios mais intrigantes enfrentados por Powers foi a adaptação à liberdade de escolha do jogador, uma marca registrada de Deus Ex. O nível de Hong Kong permite que os jogadores explorem de diversas maneiras, criando uma experiência que parece viva e responsiva às ações do usuário. Powers relembra como cada decisão do jogador poderia complicar a lógica do jogo, mas também como isso enriqueceu a narrativa, permitindo que os jogadores criassem suas próprias histórias.
Nem tudo em Hong Kong envelheceu bem. As críticas aos sotaques dos personagens destacam os desafios encontrados pela equipe na época. Mesmo com muitos dubladores locais, a falta de experiência levou a atuações que não agradaram a todos. Powers reconhece que hoje, práticas como a contratação de consultores culturais e atores que refletem a diversidade dos personagens seriam adotadas.
Embora não seja uma representação autêntica de Hong Kong, o nível desenhado por Powers captura a essência de uma cidade que vive na imaginação de muitos. É uma 'fantasia de John Woo', uma homenagem ao cinema e à cultura pop, que convida os jogadores a explorar e criar suas próprias narrativas dentro de um espaço cuidadosamente projetado.
Em um dos momentos mais simbólicos do jogo, Powers incorporou sua própria mão como um elemento arquitetônico, uma metáfora de poder que reflete tanto sobre o jogo quanto sobre o próprio processo criativo. Deus Ex continua a inspirar jogadores e designers, provando que a criatividade e a visão podem transformar limitações em arte imersiva.
Redator Chefe do GeekNews, entusiasta de tecnologia, games e pintura de miniaturas. Escreve com olhar analítico sobre cultura pop, buscando sempre conectar tendências e inovações com o universo geek.