Por Luana Souza • Publicado em 29/06/2025 • 3 min de leitura
Desde que estreou em 2021, Round 6 rapidamente se destacou como um fenômeno global, redefinindo o papel das produções internacionais no cenário do streaming. Criada por Hwang Dong-hyuk, a série sul-coreana não só conquistou audiência, mas também se estabeleceu como um veículo de crítica social embalada por uma narrativa tensa. Agora, com a chegada da terceira e última temporada, o desafio era manter a mesma intensidade e impacto emocional que as temporadas anteriores estabeleceram.
A volta de Seong Gi-hun, novamente interpretado por Lee Jung-jae, era um dos momentos mais aguardados pelos fãs. No entanto, o personagem retorna de forma introspectiva e sombria, distante da figura heroica que o público se apaixonou. Seu arco nesta temporada adota uma abordagem mais silenciosa e reflexiva, explorando o peso da culpa e do fracasso, mas isso acaba por diminuir a intensidade emocional esperada em um clímax.
A terceira temporada de Round 6 se apresenta como uma continuação direta da segunda, sem oferecer um novo ponto de partida. Os jogos permanecem mortais e a tensão é constante, mas a narrativa se perde em subtramas apressadas e personagens secundários que não deixam marcas. A tentativa de manter altos níveis de audiência acabou por fragmentar a temporada, que poderia ter sido mais completa se não tivesse sido dividida para atender a estratégias de lançamento.
Gi-hun mergulha em uma jornada de vingança contra o temido Jogador 388, resultando em momentos eletrizantes. No entanto, a falta de desenvolvimento emocional do protagonista e a escassez de diálogos significativos até os episódios finais prejudicam seu impacto como figura central. Enquanto isso, novos personagens como Kim Jun-hee, Jang Geum-ja e Cho Hyun-ju trazem atuações notáveis, mesmo em meio a uma trama que parece descartá-los rapidamente.
O confronto entre Gi-hun e o Front Man prometia ser o ápice da série, mas acaba não entregando o embate emocional esperado. O suspense se mantém, mas a resolução entre as duas figuras centrais é deixada de lado, priorizando mais os jogos do que a narrativa pessoal. Além disso, o retorno do detetive Hwang Jun-ho não oferece grandes avanços, com sua investigação se arrastando sem recompensas significativas.
Embora a temporada final de Round 6 ofereça momentos de tensão autêntica e reflexões provocativas, ela sacrifica parte da profundidade emocional que tornou a série um sucesso. Ao colocar seu protagonista em segundo plano e povoar a trama com personagens efêmeros, a série perde a força de suas conexões humanas. Ainda assim, a crítica social permanece afiada, utilizando os jogos para destacar a desumanização e a violência institucional. A série, apesar de seus tropeços, continua relevante, mas o brilho inicial começa a se apagar.
Round 6 Temporada 3
Pontos Positivos
Pontos Negativos
Nota: 7
Cinéfila e série-maníaca, com foco em narrativas femininas, diversidade e representatividade. Analisa estreias com profundidade e destaca o impacto da cultura geek nas produções audiovisuais.