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maio

Lispectorante: Entre Realismo e Sonho, o Filme Falha em Capturar a Essência Clariceana

A Trama e Suas Ambiências

Inspirado no ambiente recifense que acolheu Clarice Lispector durante sua juventude, 'Lispectorante' se propõe a explorar tanto o real quanto o imaginário. Ambientado em uma casa em ruínas, o filme segue Glória, uma artista plástica interpretada por Marcélia Cartaxo, cuja vida se entrelaça com a de um vendedor de rua em um romance que promete mais do que entrega. A direção de Renata Pinheiro, embora visualmente autêntica, luta para manter o equilíbrio entre o concreto e o surreal, perdendo-se em subtramas que diluem o impacto da narrativa principal.

Crítica ao Desenvolvimento dos Personagens

A química entre os protagonistas, embora convincente, é ofuscada por momentos de surrealismo que não conseguem se integrar harmoniosamente à trama. Enquanto a atuação de Cartaxo oferece uma visão refrescante e dinâmica, a direção falha em aproveitar integralmente o potencial de uma narrativa que poderia espelhar a complexidade dos escritos de Lispector. Em vez disso, as tentativas de incorporar elementos oníricos acabam por sentir-se como meras distrações, deixando de lado o desenvolvimento mais profundo dos personagens e suas interações.

Reflexões sobre o Legado de Clarice

'Lispectorante' tenta, em sua essência, capturar o espírito de Clarice Lispector, mesclando o místico com o real. No entanto, o filme reverte a fórmula que tornava a escrita de Clarice única: onde ela usava o surreal para intensificar o real, o filme permite que o místico obscureça o humano. Isso resulta em uma experiência que, embora visualmente atraente, deixa um sentimento de oportunidade perdida em retratar a profundidade e a complexidade emocional que define a obra de Lispector.

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