Denise Fraga Brilha em 'Sonhar com Leões', uma Tragicomédia sobre o Direito à Morte

'Sonhar com Leões': Uma Reflexão Tragicômica sobre a Eutanásia

Discutir o direito à morte é um desafio complexo, especialmente quando se considera a controvérsia em torno da eutanásia, mesmo em países que já a legalizaram. É nesse cenário que 'Sonhar com Leões', novo filme do diretor luso-grego Paolo Marinou-Blanco, se destaca por tratar o tema com a devida sensibilidade e respeito.

Paolo Marinou-Blanco, que já explorou a temática da morte com leveza em 'Nada nas Mãos', eleva seu estilo narrativo com 'Sonhar com Leões'. O filme utiliza a quebra da quarta parede de maneira eficaz, através da protagonista Gilda, interpretada por Denise Fraga. Gilda, uma mulher com câncer terminal, expressa seu desejo de encerrar sua vida de forma digna e autônoma.

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A Tragicomédia como Ferramenta de Reflexão

O roteiro de Marinou-Blanco não apenas explora o desejo de Gilda de ter controle sobre seu fim, mas também critica os excessos do capitalismo, ao mostrar como até a morte assistida pode ser explorada por gigantes farmacêuticos. A abordagem tragicômica permite que o espectador reflita sobre a autonomia pessoal sem sentir o peso do julgamento moral.

A atuação de Denise Fraga é um dos pontos altos do filme. Sua personagem, Gilda, busca significado para sua vida em seus momentos finais, dialogando diretamente com o público e compartilhando suas reflexões. Este recurso narrativo é interrompido conforme Gilda se aproxima de Amadeu, um jovem agente funerário também doente terminal, que compartilha de seu desejo por morte assistida.

A Força e a Fragilidade da Narrativa

Embora a primeira metade de 'Sonhar com Leões' seja eficaz em capturar o público, o filme perde um pouco de ritmo quando a dinâmica entre Gilda e Amadeu se intensifica, afastando a protagonista do espectador. Apesar disso, a obra continua a instigar questionamentos sobre a morte e o direito individual de decidir sobre ela.

No final, 'Sonhar com Leões' cumpre sua missão de provocar e questionar, deixando uma reflexão duradoura sobre a morte assistida e a dignidade humana. Marinou-Blanco, com sua direção sensível e roteiro perspicaz, entrega uma narrativa que ressoa muito além do humor, semelhante a produções como 'After Life' de Ricky Gervais.

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