Por Ana Luiza • Publicado em 19/04/2025 • 2 min de leitura
Logo no início de 'Bolero: A Melodia Eterna', Maurice Ravel, interpretado por Raphaël Personnaz, critica severamente seus músicos durante um ensaio, exigindo precisão na execução de uma valsa. Essa cena estabelece o tom do filme, dirigido pela cineasta francesa Anne Fontaine, que traz uma abordagem meticulosa tanto na narrativa quanto na estética do filme, refletindo o perfeccionismo de Ravel. A cinebiografia se destaca por suas cenas calculadas e o uso eficaz de silêncios, apoiando-se na performance contida de Personnaz para transmitir as emoções complexas de seu personagem.
Anne Fontaine, com a colaboração de talentos como o diretor de fotografia Christophe Beaucarne e o montador Thibaut Damade, cria um ambiente visualmente arrebatador que complementa a narrativa introspectiva. O filme, inicialmente focado na precisão e no controle, gradualmente se transforma em uma reflexão metafórica sobre as implicações da 'arte sob contrato'. A encomenda de 'Bolero' por Ida Rubinstein, que inicialmente é um motivo de desdém para Ravel, eventualmente se revela como a inspiração para uma de suas obras mais célebres.
O filme também serve como um comentário sobre a própria carreira de Fontaine, que evoluiu de filmes desafiadores para obras que se conformam mais às expectativas comerciais. Assim, 'Bolero: A Melodia Eterna' não é apenas um estudo de personagem, mas também um argumento sobre a validade e o impacto da arte criada sob influência externa, destacando como até as restrições podem levar a resultados artísticos extraordinários. O elenco, incluindo Emmanuelle Devos e Jeanne Balibar, adiciona profundidade ao filme, tornando 'Bolero' uma obra que questiona e celebra o poder duradouro da arte.
Nota do Crítico
Apaixonada por animes e mangás desde a infância, cobre lançamentos, bastidores e curiosidades do Japão pop. É especialista em Crunchyroll, estreias sazonais e fandoms de cultura otaku.
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