The Mastermind: A Inesperada Fusão de Kelly Reichardt entre Slow Cinema e Suspense de Roubo

Kelly Reichardt e a Reinvenção do Cinema de Roubo

Kelly Reichardt, conhecida por seu estilo de slow cinema, surpreende ao abordar o gênero de filmes de roubo em 'The Mastermind'. Tradicionalmente, filmes de roubo são marcados pela rapidez e tensão constante, mas Reichardt usa sua técnica para enfocar os processos, tanto físicos quanto emocionais, de maneira detalhada e introspectiva. A trama segue J.B. (Josh O’Connor), um homem desiludido da década de 1970 que planeja roubar quadros valiosos de um museu local como um ato de desespero frente ao marasmo de sua vida e ao desencanto com o sistema.

O Contraste entre a Ação e a Paciência

Ao contrário do que se espera de um filme de roubo, 'The Mastermind' se desenrola em um ritmo que privilegia a cautela e a estratégia ao invés da ação frenética. Reichardt constrói a tensão por meio de planos longos e cortes pontuais que amplificam a sensação de perigo iminente, enquanto J.B. planeja e executa o crime. Este método não apenas redefine o gênero, mas também sublinha a profundidade emocional e a complexidade dos personagens.

Ambientação e Contexto Histórico

A escolha do período dos anos 1970 não é casual. O filme captura o clima de descontentamento e as tensões sociais da época, integrando-os ao enredo de forma que o cenário e as circunstâncias históricas ampliem o drama pessoal de J.B. e a crítica social implícita. A interação entre o personagem e o ambiente, marcado por protestos e uma sensação geral de desesperança, é uma das forças motrizes do filme.

A Performance e o Desenvolvimento dos Personagens

Josh O’Connor entrega uma atuação nuancada, capturando a melancolia e a complexidade de J.B. sem recorrer a diálogos expositivos. A relação entre os personagens e seus desenvolvimentos individuais são subentendidos através de suas ações e interações, uma abordagem que desafia o espectador a engajar-se ativamente na narrativa. A esposa de J.B., Terri (Alana Haim), embora subutilizada, serve como um contraponto emocional crucial, destacando as tensões domésticas que complementam os conflitos externos.

'The Mastermind' é uma prova da habilidade de Kelly Reichardt em transformar gêneros e expectativas, criando uma obra que é tanto um estudo de personagem quanto um comentário sobre os tempos e a sociedade.